← Back to portfolio

Racismo, um assunto que ainda não acabou

Published on

Negros ainda sofrem com preconceitos e julgamentos

O racismo não é algo do passado como muitos pensam, ele sobrevive e, muitas das vezes, está nas pequenas coisas do dia-a-dia, em coisas que muitas vezes passam de forma imperceptível. A aluna do 3º semestre de Comunicação Social, Tylcéia Tyza Ribeiro Xavier sabe bem como é isso. Tylcéia é maranhense, tem 18 anos e, apesar de não ter traços negros tão fortes, já foi vítima de preconceito e racismo. Ela vive em uma sociedade que utiliza do colorismo para julgar o indivíduo, uma sociedade em que diminui negros de pele escura e tentam encaixar negros de pele clara em padrões brancos, mas isso não a faz menos negra.

Créditos: Tlyssia Társyla

1 - Você já sofreu racismo?

Sim, por conta dos meus lábios e nariz não serem finos como a sociedade prefere e por perguntas frequentes sobre o meu cabelo, tenho o cabelo liso e sou negra, e diariamente me questionam se eu fiz algum tipo de alisamento no cabelo, como se uma mulher negra não pudesse ter um cabelo liso, ou como se todas as mulheres negras com cabelo crespo ou cacheado quisessem ter o “cabelo de uma branca”. As pessoas não sabem o quanto isso é incômodo e não veem que também estão praticando o racismo. A ignorância nutre o preconceito e faz com que ações racistas continuem.

2 - Como o colorismo interfere na vida das pessoas negras?

O colorismo interfere no modo como as pessoas negras são tratadas. Por exemplo: pessoas com pele escura sofrem mais preconceito e discriminação do que pessoas, como eu, com a pele mais clara, como se pessoas de pele mais cura fossem menos que eu. As pessoas tentam a todo tempo, fazer com que você seja “menos” negra e tentam lhe encaixar em um padrão de brancos, como se ser negro fosse ruim e, de alguma forma, ofensivo.

3 - Quando foi a primeira vez que você teve contato com o preconceito?

Em Costa Rica, no Mato Grosso do Sul, quando eu morava lá na infância. A cidade ficava no interior e era composta por sua maioria branca e eu como negra, mesmo sendo de pele mais clara, me deparei com os diferentes olhares recebidos.

4 - Que tipos de frases preconceituosas você já ouviu?

  • Mas você nem é tão escura assim.
  • Para quê cotas para negro? É só estudar como todo mundo que passa.
  • Você entrou por cotas e nem é negra, é mais clarinha que o normal.
  • Seu nariz é meio largo, devia ser mais fino.
  • Seus lábios são muito grossos.
  • Seu cabelo é liso, mas é volumoso, você podia fazer alguma coisa pra abaixar ele.

5 - De que forma você busca contribuir com a sociedade para a diminuição do preconceito?

Me impondo e não permitindo qualquer tipo de preconceito contra mim ou contra qualquer outra pessoa, começando ao meu redor e até não deixando que “piadinhas inofensivas” sejam tratadas normalmente em roda de amigos.

6 - Como podemos ensinar a sociedade sobre o racismo?

A criação vem de casa, mas muitas crianças passam quase todo o dia nas escolas e é lá que aprendem a compartilhar, socializar, e tornam-se parte de um grupo. Então, a escola exerce papel essencial no ensino sobre as diferenças raciais, porque, até mesmo as crianças, sabem ser racistas.

7 – Que conselho você pode dar para as pessoas negras que sofrem ou já sofreram racismo?

Não há uma maneira certa de aconselhar alguém a como agir em circunstâncias de racismo, já que, mesmo sabendo que vivemos em uma sociedade preconceituosa, quase nunca estamos preparados para os ataques racistas. Mas é importante não se calar em nenhuma ocasião e não se sentir inferior a ninguém em momento algum, as diferenças têm que ser aceitas e você não pode se sentir culpado por ser quem é.